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quinta-feira, janeiro 17, 2008

O FASCINANTE UNIVERSO DE CAISSA

Amigas e amigos leitores, se você souber jogar xadrez pratique mais e se você não souber procure aprender. Gostaria de não iniciar esse texto aconselhando de maneira tão imperativa faço-o, porém por entender o quão importante é aprender, aprimorar e aprofundar-se nesse belo esporte-ciência chamado xadrez. Mas qual é a magia envolvente que se encontra nas sessenta e quatro casinhas do tabuleiro de xadrez?
Na verdade o xadrez é muito, mas muito mais daquilo que pode ser chamado de um simples jogo. Ele reúne um conjunto de regras e conceitos que vai muito além do quadro limitado pelo tabuleiro. Digo que é a reunião de história, ciência, arte, filosofia, lógica, competição, desafio e acima de tudo isso a estratégia. Vamos aos fatos.
Xadrez é história porque existem diversas versões sobre sua origem tanto no tempo quanto no espaço. A hipótese que mais se aproxima da veracidade remonta a Índia medieval, por volta do século VI d.C. Era conhecido nesse país como o jogo do exército ou Chaturanga. Depois se espalhou pela China, Pérsia e Europa. Os árabes conhecidos como exímios matemáticos estudaram o jogo com profundidade e escreveram diversos tratados além de criar suas primeiras regras. Há também uma evidência muito mais antiga sobre o jogo, trata-se de uma pintura mural existente em uma câmara mortuária nos arredores da pirâmide de Gizé, no Egito, que representa duas pessoas jogando xadrez há aproximadamente 3000 anos antes da era Cristã, eis as controvérsias da gênese do xadrez.
Seria agressivo ou mesmo impróprio considerar o xadrez como ciência? Este é um questionamento que faço ao meu nobre mestre e melhor jogador de xadrez que conheço no momento – MESTRE WILIAN GATTI, conhecido nos bastidores enxadrísticos como “O lince dos tabuleiros” porque enxerga longe e ataca no momento certo, grande Wilian. Vejamos a informação que extrai da revista ÈPOCA NA ESCOLA de julho de 2006:
No primeiro lance da partida, o jogador tem 20 opções para escolher. Logo depois da abertura, há uma média de 35 possibilidades para cada jogador. No lance seguinte, o número de lances chega a 12025. Para a próxima jogada, há 1,5 milhão de lances possíveis. Três jogadas depois há 1,8 bilhão de possibilidades. Diante da evidência desses números peço que se juntem ao mestre Wilian e respondam à pergunta que está no início deste parágrafo.
Xadrez é filosofia, pois tem o poder de desafiar os limites e potenciais da sabedoria, do exercício da concentração e da paciência além de fazer com que seus adeptos aprendam a pensar melhor. Isso não implica dizer que quem joga xadrez é ou fica mais inteligente.
Xadrez é arte, pois quem o pratica com regularidade aprende a desenvolver a movimentação das 32 peças sobre as casas do tabuleiro com a elegância de um pintor a criar seus quadros e com a autoridade de um maestro a reger sua orquestra. Além, é claro, de observar que ali no tabuleiro pode-se assistir a espetáculos muitas vezes comparados à peças teatrais e chegar à conclusão de que “a vida realmente imita a arte e não o inverso”.
Finalmente afirmo que xadrez é estratégia – do grego strategus (general) e isso fica bastante evidente por se tratar de um jogo que tem objetivo definido e propósito firme de abater o Rei adversário. Para tal empreita é necessário criar os caminhos e meandros que implica necessariamente na captura das peças inimigas com vistas à vantagem material e também a ocupação das melhores casas com vistas à vantagem posicional. Planejamento Estratégico e Tático contido nos fundamentos enxadrísticos faz com que os praticantes aprendam e reaprendam a tomar decisões sábias na presença da incerteza com a finalidade de evitar erros e falhas. Não é exatamente o que aprendemos em Administração de Empresas e também no cotidiano de nossas vidas?
Mas não apenas com a administração o xadrez se relaciona diretamente. Ele está presente em Logística, Segurança, Negócios e Finanças, Gestão de Pessoas, todos os outros Esportes, Política, Marketing – Principalmente o Marketing de Posicionamento que trata do estudo direto do mercado e a ação da concorrência, educação e finalmente com a área do conhecimento que mais se desenvolveu nas últimas décadas, a INFORMÁTICA. Depois da famosa derrota do Grande Mestre Internacional Garri Kasparov para o computador da IBM, o Deep Blue, na cidade de Nova York em 1997, estabeleceu-se aí uma espécie de divisor de águas na história do xadrez, pois os cientistas criaram essa monstruosa máquina capaz de analisar duzentos milhões de posições por segundo. Lá se vão dez anos que informática e xadrez continuam trabalhando unidos para ampliar ainda mais os limites desse fascinante jogo. Com o respeito que ciência da computação merece e por tudo que ela fez e nos faz de bom, ainda assim prefiro praticar o xadrez da maneira clássica e porque não dizer primitiva, aquela tradicional em que duas personagens de carne, osso e principalmente neurônios (e não chips) ficam separadas pela mesa, o tabuleiro, os dois Reis, as duas Damas, os Bispos, Cavalos e Torres – quatro de cada, juntamente com os valentes soldados, conhecidos como Peões 8 brancos e 8 pretos, esses últimos personagens são os únicos passíveis de promoção - A vida também tem dessas, quem menos se espera pode ser promovido até a presidente.
Diante de tais reminiscências senti um desejo de desafiar qualquer um que lê esse texto a disputar uma partida de xadrez comigo. Exceção feita somente ao mestre Wilian – Citado anteriormente O LINCE DOS TABULEIROS, esse eu não me atrevo a desafiar, limito-me a convidá-lo para uma partida onde tenho certeza que ganharei muita experiência.
Em tempo:
1º - Caissa é o nome da personagem citada no título deste texto. Falemos um pouco sobre ela. Todo enxadrista sabe que Caissa é a musa do Xadrez, porém o xadrez surgiu muito antes que Caissa, porque esta deusa não é da mitologia grega, nem romana. Um jovem inglês de 17 anos, Willian Jones, escreveu em 1763 o poema Caissa ou o jogo de xadrez, onde ganhou vida esta ninfa encantadora, que promete a Marte corresponder-lhe se este inventasse um jogo sugestivo. Por aquela ninfa do bosque, segundo o poema, Marte, deus romano da guerra, concebe o xadrez e o apresenta com o nome de Caissa. Hoje, Caissa é uma forma poética de se dizer xadrez.
2º -: Resolvi escrever esse texto por um motivo bastante trivial. Até a semana passada eu fui professor de xadrez para crianças e adolescentes de ensino fundamental, educação infantil e Alunos com Necessidades Especiais. Apesar de não ter formado um único campeão ou campeã no sentido literal da palavra, ou seja, que conquista troféus, medalhas, etc, um fato desta época ficará registrado em minha memória e aqui o transcrevo: Fazia parte do grupo de Necessidades Especiais uma aluna portadora de Síndrome de Down que aprendeu a colocar as peças corretamente no lugar para iniciar a partida, isso parece pouco à vista da maioria dos humanos, mas para ela percebi que foi uma das maiores vitórias conquistadas em sua vida de dezenove anos. Somente superada momentos mais tarde quando ela executou corretamente o movimento do cavalo por diversas vezes e finalmente acrescentou que o cavalo é a peça mais interessante do tabuleiro, isso porque se movimenta em L e é a única que pode passar sobre as demais.
Paz, Saúde e Sucesso ! ! !
André Luiz Cisi

Um comentário:

Unknown disse...

Olá, mestre!
Quem vos escreve é o Marcos, seu aluno do Curso de Gestão de Pessoas. Muito interssante seu comentário sobre a origem do xadrez e suas curiosidades. Acredito que eu não seria um oponente valoroso, pois o pequeno conhecimento e prática que possuo não trariam a competitividade necessária para uma boa partida; mas enfim, o bom mesmo não é a vitória em si, mas a troca de experiências que o encontro proporciona.
Parabéns pelos outros comentários que ,diferentes de outros que parecem beneficiar apenas a imagem do dono do blog, ilumina nossas mentes e nos faz pensar no bem comum.

Forte amplexo, felicidades, Marcos!