O Curso superior otimiza a conquista de bons empregos, ou é irrelevante?

quinta-feira, janeiro 17, 2008

APRENDER A ENSINAR COM MOTIVAÇÃO

“... Com franqueza, estava arrependido de ter vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar lá fora e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o Carlos das Escadinhas, a fina flor do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do Morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma coisa soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos.”
Conto de Escola de Machado de Assis
Aluno é a palavra que deriva do termo latino alumni, cujo significado é sem luz. Isso implica dizer que aqueles que vão à escola para aprender e, através dela, ampliar seus conhecimentos e também a esperança de um bom futuro, estão na verdade à procura da luz, da iluminação interior, ou seja, sentem-se motivados e cheios de ânimo para a conquista desta luz capaz de iluminar seus passos e caminhos, da luz do saber e da luz da verdade libertadora e soberana. Essa luz seria ainda mais esplêndida se os que a buscam agissem com o entusiasmo necessário para tal propósito, ou seja, aprender pelo prazer de compreender, de descortinar o desconhecido, de sentir-se realmente com vontade de conhecer cada vez mais e com melhor qualidade o que ainda não se sabe. A realidade, porém é bem outra e os números falam quando as palavras calam. Vejamos:
Dias atrás li em um dos editoriais do Jornal Agora alguns números sobre a realidade dos jovens na educação brasileira e são números que incomodam - um milhão e setecentos mil jovens brasileiros entre 15 e 17 anos estão fora da escola (vinte e oito Maracanãs lotados) .
Esta é uma conclusão do Ministério da Educação baseada em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) do IBGE.
O fato que mais nos preocupa, e entristece nestes números, é saber que 40,4% desses adolescentes que ora se afastam do caminho da luz, o fazem por total desinteresse, ou seja, largaram a escola porque essa não lhe proporciona um mínimo de motivação em aulas, em pesquisas, em projetos, em leituras, ou em quaisquer outras atividades pertinentes ao ensino.
Há ainda, segundo a pesquisa, aqueles que abandonam ou interrompem seus estudos devido à busca pelo emprego, ou pela falta de conciliação deste com o horário das aulas. Outros motivos que levam a evasão escolar têm suas raízes em problemas sociais do tipo: Gravidez precoce, uso de drogas e insuficiência de renda familiar. Eis aí a dura realidade a incomodar o sossego de quem realmente tem interesse em um ensino que requer a qualidade necessária e assegurada para o enfrentamento aos desafios exigidos no momento e no futuro de qualquer jovem em idade escolar. Gostaria de conhecer e apresentar soluções para tão grave problema, mas estas estão além do horizonte do curto ou mesmo do médio prazo. Se fosse possível listar as causas que geram o desinteresse pelas aulas a lista seria bastante extensa e mesmo assim muitos itens ficariam de fora. Sei que realizar um trabalho para despertar o gosto pelas aulas é necessário, gratificante e os frutos colhidos são ótimos, mas por mais que os profissionais de boa vontade se esforçam para que isso aconteça há uma enormidade de elementos que fazem de tudo para destruir o que construímos com tanto esforço e que em muitos casos requer longo tempo e muita gente com disposição para tal empreitada. Mesmo assim só vejo uma única saída para nós que trabalhamos a educação com a seriedade que ela merece: MOTIVAR e criar mecanismos que produzam a motivação com forças que brotam da alma, com criatividade, transpiração e acima de tudo DIÁLOGO franco, aberto e transparente sem esquecer necessariamente da HUMILDADE de assumir que precisamos aprender, reaprender e se atualizar sempre. A geração atual de jovens tem uma gama de informações imensa e, creio eu, até maior do que a nossa, portanto não podemos subestimá-los sob nenhum aspecto e talvez até aprender algo que seja bom com eles. Não diga que é difícil ou impossível, pois precisamos trazer essa galera de volta pra escola e tornar nossos métodos e critérios mais atrativos do que são. Se formos os agentes da transformação para o melhor que continuemos a mostrar o caminho da luz e também iluminar os que buscam essa luz. EU TAMBÉM TENHO UM SONHO E NESSE SONHO ACONTECIA UMA FINAL DE CAMPEONATO DE FUTEBOL EM QUE NÃO HAVIA UM ÚNICO APARELHO DE TV LIGADO, MAS TODAS AS PESSOAS ESTAVAM COM LIVROS ABERTOS À SUA FRENTE. O ESTÁDIO ONDE ACONTECIA A PARTIDA ESTAVA COMPLETAMENTE VAZIO E AS ESCOLAS COMPLETAMENTE CHEIAS. Ajudem-me a sonhar junto esse sonho e o transformaremos em uma realidade futura. MUITA LUZ A TODOS.

Paz, Saúde e Sucesso ! ! !
André Luiz Cisi

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